Doença inflamatória crônica que acomete principalmente o esqueleto axial, ou seja, a coluna e as sacroilíacas (osso que une a coluna ao quadril), mas também pode causar artrite de grandes articulações como joelhos e tornozelos. A espondilite anquilosante tem como principal manifestação clínica a diminuição dos movimentos da coluna, pois ocorre a formação de um novo osso que une as vértebras gerando “fusão espinhal” (quando vértebras consecutivas são unidas por um novo osso). O resultado dessa junção são dores e problemas com a mobilidade. Saiba mais.
O que é Espondilite Anquilosante?
A Espondilite Anquilosante (EA) é uma doença que afeta principalmente a coluna vertebral, causando a popular “coluna travada”, apesar de também afetar outras articulações do corpo.
Ela faz parte do grupo de doenças reumáticas inflamatórias que causam artrite.
Porém além da artrite pode ocorrer a Entesite, que é a inflamação do local onde os ligamentos e tendões se juntam aos ossos.
A Espondilite Anquilosante causa uma inflamação nas articulações da coluna vertebral – chamadas de vértebras -, o que pode levar a quadros de dor intensa e crônica (que pode perdurar por um longo período de tempo), essa dor pode ocorrer em crises, ou seja, o paciente tem o quadro de dor, dura algumas semanas e depois some, reaparecendo outras vezes no futuro.
Se não for diagnosticada precocemente e logo iniciado o tratamento adequado, existe a chance da doença progredir, causando cada vez mais fusão entre as vértebras, e com isso uma redução progressiva nos movimentos da coluna, que torna-se fixa e imóvel.
A Espondilite Anquilosante também é capaz de se estender para outras partes do corpo, como quadris, costelas, ombros, mãos, calcanhares e pequenas articulações dos pés. E, apesar de raro, ela pode causar outras alterações como:
Uveíte: dor e vermelhidão ocular, com turvação visual em alguns casos. Pode ocorrer mesmo naqueles pacientes com poucos sintomas de dor na coluna;
Fibrose pulmonar: pode não ter sintomas e ser um achado quando o paciente faz uma radiografia (raio-X) do pulmão, mesmo sem sintomas;
Coração: pode causar arritmias cardíacas;
Intestino: diarreia, inflamação crônica, presente como pequenas úlceras (colite inflamatória), esse pode ser um achado durante um exame de colonoscopia;
Rins: nefrite intersticial (tipo de inflamação no rim que pode ser causada pelo uso de anti-inflamatórios de forma errada);
Nervos: pode ocorrer dores nos braços e pernas decorrentes de compressão dos nervos da coluna, pela fusão das vértebras;
Osteoporose: os ossos se tornam mais fracos (desmineralizados), aumentando o risco de fraturas;
O que causa a Espondilite Anquilosante?
Até hoje não se conhece uma causa específica da doença. Porém já é bem conhecido a associação entre predisposição genética com fatores imunológicos e ambientais.
Ocorre uma desregulação no sistema imunológico, que quando ativado de forma errada (como acontece na Espondilite Anquilosante), as próprias células do organismo causam um processo inflamatório, e a depender do local que essa inflamação ocorra em maior intensidade, é que se define os lugares do corpo que o paciente expressa mais os sintomas da doença.
Ainda não se sabe ao certo qual o ponto de partida para que essa desregulação aconteça. Uma das suspeitas é que a presença de um fator genético chamado HLA-B27, que pode ser herdado de familiares ou aparecer espontaneamente, favoreça a desregulação do sistema imunológico.
Diferente de outros tipos de doenças inflamatórias crônicas, a Espondilite Anquilosante acomete mais a população masculina do que feminina, a partir do final da adolescência até a quarta década de vida. Porém a doença pode ser diagnosticada na idade mais avançada.
Sintomas da Espondilite Anquilosante
Os principais sinais e sintomas que indicam a presença da doença são:
- Dor lombar persistente (por mais de três meses);
- Dificuldade para se movimentar, olhar para cima, para os lados e para trás;
- Dificuldade para apanhar um objeto no chão;
- Dores mesmo em repouso (podendo até se intensificar);
- Rigidez na coluna depois de acordar pela manhã;
- Aumento da curvatura da coluna na área dorsal, com inclinação para frente;
- Alívio total ou parcial das dores ao iniciar movimentos, mesmo que após algum tempo a dor retorne;
- Uveíte: dor, vermelhidão e alteração da visão.
Diagnóstico
Para um diagnóstico correto, o médico irá avaliar o histórico médico pessoal do paciente e fará um exame físico detalhado. Também será levado em conta os resultados de exames de sangue, que irão buscar sinais de inflamação e a presença do fator genético HLA-B27. Porém, muitos pacientes que não possuem o HLA-B27 têm o diagnóstico de Espondilite Anquilosante.
Exames de imagens, como raio-x, tomografia e ressonância magnética podem ser necessários para mostrar alterações na coluna.
Como é o tratamento?
Apesar de não haver uma cura conhecida para a Espondilite Anquilosante, existem medicamentos e outras medidas disponíveis para amenizar as dores e outros desconfortos causados pela doença, além de retardar sua progressão, reduzindo o risco de deformidades.
Entre os medicamentos usados, estão inclusos os anti-inflamatórios não esteroides, analgésicos e relaxantes musculares. Para edema articular localizado, podem ser necessárias injeções ou medicamentos corticosteróides nas articulações ou na membrana ao redor do tendão para um resultado mais rápido.
Também podem ser usadas drogas antirreumáticas modificadoras da doença (DMARD) e medicamentos biológicos como os bloqueadores TNF alfa e o bloqueador IL-17.
Na linha de tratamento, a fisioterapia é fundamental para fortalecer os músculos e melhorar a mobilidade das articulações. Exercícios físicos de baixo impacto também são recomendados, como natação e bicicleta. No entanto, inicie uma atividade física apenas com a recomendação médica para evitar possíveis complicações.
Buscando Ajuda Médica
Mesmo quem apresenta apenas sintomas leves da Espondilite Anquilosante, ou percebe que as dores vêm e vão e, portanto, aparentemente “não afetam” a sua qualidade de vida, é importante em ambos os casos consultar um médico reumatologista para que ele confirme o diagnóstico e inicie o tratamento adequado, a fim de evitar futuras complicações e sequelas da doença, como a fusão espinhal.
Referências
Ankylosing Spondylitis Overview
Axial Spondyloarthritis
https://www.itcvertebral.com.br/espondilite-anquilosante-o-que-e-tratamento-tem-cura/